História do Tênis de Mesa

A capacidade de adaptação e a criatividade foram fatores fundamentais para a criação do tênis de mesa.  Por volta de 1880, jogadores de um clube inglês improvisaram um novo jogo por causa do mau tempo. Sobre uma mesa de sinuca, com livros como raquetes, um barbante como rede e uma bola de tênis normal, surgiram as primeiras raquetadas do tênis de mesa.
Encarado como brincadeira no começo, o desenvolvimento da modalidade começou com regras bem similares às do tênis de quadra. O grande passo dado pelo esporte veio em 1890, com a introdução da bola de celuloide, perfeita para a prática do esporte. A partir dali, o tênis de mesa começou a dar passos mais largos rumo à modernização.
Hugo Calderano
Foto: CBTM

Com a evolução da tecnologia, as raquetes ganharam uma cobertura de esponja que alteraram de maneira fundamental a parte técnica da modalidade. Com o avanço, veio também o crescimento avassalador dos orientais no esporte. A superioridade é tamanha que a romena Angelica Rozeanu-Aldestein, campeã em 1955, foi a última não-asiática a vencer o Campeonato Mundial feminino no individual.
Em 1900, o esporte chegou à China, introduzido por ocidentais. Um marco importantíssimo, já que atualmente a China é a grande potência da modalidade. Ainda assim, foi na Europa que surgiu a Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF, em inglês), em 1926. A federação instituiu regras mais claras e realizou já naquele ano o primeiro Mundial. Nas décadas seguintes, a competição foi dominada pelos europeus, mas a história mudaria.

O reconhecimento do Comitê Olímpico Internacional veio em 1977. Quatro anos mais tarde, o tênis de mesa foi aceito no programa das Olimpíadas. A estreia ocorreu em 1988, em Seul. Das 12 medalhas distribuídas naquela edição, nove ficaram com atletas asiáticos. A China dominou a disputa entre as mulheres, levando ouro, prata e bronze. No masculino, a Coreia do Sul, jogando em casa, ficou com ouro e prata, enquanto o sueco Erik Lindh faturou o bronze. Nas duplas, a China foi ouro, Iugoslávia prata e Coreia bronze entre os homens. Já entre as mulheres, as coreanas conquistaram a medalha de ouro. A China terminou com a prata e a Iugoslávia com o bronze.
A partir das Olimpíadas de Pequim-2008, os jogos de duplas foram substituídos pelas disputas por equipe. Os chineses conquistaram a medalha de ouro tanto no masculino quanto no feminino, em simples e por equipes. O resultado se repetiu em Londres, quando os chineses dominaram os quatro eventos novamente. Além dos quatro ouros, a China ainda faturou duas pratas na Inglaterra, justificando o status de potência do tênis de mesa.

Luiz Anjos lembra como tênis de mesa o tirou do 'caminho errado'

Foto: Christian Martinez
Nascido em Ceilândia, Brasília, e de família humilde, jovem atualmente atua pelo Pro Tênis de Mesa Joaçaba, de Santa Catarina, e admite que, por pouco, não se afastou do esporte.

"Eu sou um dos caras que eu conheço com mais sorte na vida. Outras pessoas não tiveram essa oportunidade que eu tive". A conclusão é de Luiz Anjos, de 17 anos, atleta que representa o Pro Tênis de Mesa Joaçaba-SC, e a tal sorte a qual ele se refere foi alguém tê-lo levado para a prática do tênis de mesa, o envolvendo no mundo do esporte. Nascido em Ceilândia, região de Brasília, o jovem, com muita maturidade, admite que, por pouco, não seguiu o "caminho errado" e lembra que alguns amigos de infância e familiares hoje estão presos por envolvimento com o crime.

Ele não demonstra ter vergonha do passado, pelo contrário. Não mede esforços para contar suas experiências para que outras pessoas não repitam os erros que ele cometeu e outras tantas possam ter noção da importância do esporte na vida de moradores de áreas carentes.

"Comecei jogando handebol, com oito anos, mas, depois, meu técnico teve um problema de saúde e não pôde continuar. Daí, fui para o ping-pong. Fui aprendendo sobre a modalidade, evolui para o tênis de mesa e recebi um convite do Ernerto Takahara para treinar com ele. Aceitei e fui melhorando, mas, por conta de um problema de saúde do pai dele, ele teve de ir para São Paulo. Então, fiquei seis meses sem treinar e, neste período, já estava me envolvendo com coisa errada, me afastando do esporte, foi quando o pessoal do Joçaba me convidou. Saí de Ceilândia e passei a me dedicar ao tênis de mesa", disse ele, que completou: "Todo mundo sabe a minha história, não tenho o que esconder. Sempre que posso, converso com as pessoas. O tênis de mesa transformou a minha vida. Morava na favela e conheço muita gente, até familiares, que estão presos. Eu consegui mudar o meu caminho a tempo. Essa não era a vida que eu queria. Tive uma chance e consegui aproveitar. Muitos têm talento, mas não tem uma chance como essa".

De família muito humilde, Luiz ressalta a vontade de fazer vestibular e garante que quer fazer do esporte a sua vida: "Pretendo fazer educação física. Vou aproveitar também que o esporte abre portas no ensino superior. Quero seguir nesta área e poder passar à frente tudo que aprendi. Quem sabe, poder ajudar crianças que tenham a mesma condição que eu tive", afirmou.

No tênis de mesa, porém, caso procure por Luiz Anjos, talvez, as pessoas não vão saber dizer de quem se trata: "Pessoal me chama de Nissin. Quando cheguei a Joçaba, um dos meus colegas olhou para mim e falou: "Você parece o Nissin, daquele vídeo (Nissin Orfali)". Acabou ficando Nissin. Tem gente que nem sabe meu nome, só me chama assim (risos)", recorda.

Na Copa Brasil Centro-Norte-Nordeste, em Brasília, que aconteceu em abril deste ano, Luiz Anjos foi o campeão do Absoluto A, principal categoria da competição.

Texto de: Alexandre Araújo, em Toledo (PR) - 08/10/2016

Conselhos de Hugo Hoyama, Sesc Campinas - 2016

Ouvir a sabedoria de um atleta humilde, de nível avançado não tem preço.
Muito obrigado Hugo Hoyama.